Espiritualidade Exagerada - Cuidado do Corpo
Geral
Publicado em 21/02/2024

“O mesmo Deus da paz os santifique em tudo. E que o espírito, a alma e o corpo de vocês sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” 1 Tessalonicenses 5.23

 

Somos corpo, alma e espírito. Não há como cuidar integralmente do ser se houver negligência com alguma parte. Existe uma tendência de superestimar o espiritual em detrimento do físico e do emocional, um desequilíbrio comum na vida de muitos cristãos.

 

Embora seja necessário um renascimento espiritual, como Jesus discutiu com Nicodemos em João 3, isso não nega nossa realidade natural e física. 

 

“Jesus respondeu:

 

— Em verdade, em verdade lhe digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não fique admirado por eu dizer: ‘Vocês precisam nascer de novo.’ O vento sopra onde quer, você ouve o barulho que ele faz, mas não sabe de onde ele vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito.” João 3.5-8

 

É preciso nascer de novo sem deixar de lado a responsabilidade humana. Uma espiritualidade exagerada pode levar a negligenciar o cuidado com o corpo e a saúde. 

 

A Responsabilidade Pessoal

Jesus, quando tentado no deserto, ensina a importância de não testar Deus desnecessariamente, mesmo diante de promessas divinas de proteção. Esse equilíbrio entre confiança em Deus e responsabilidade pessoal é o que trará ao homem um cuidado íntegro, abrangendo corpo, alma e espírito. Deuteronômio 22:8 instrui sobre a construção de parapeitos em terraços, como exemplo da necessidade de precaução humana, mesmo sob a proteção de Deus.

 

“— Quando você construir uma casa nova, faça um parapeito no terraço, para que você não traga culpa de sangue sobre a casa, se alguém de algum modo cair do terraço.” Deuteronômio 22.8

 

O cuidado com o corpo e a saúde é uma forma de honrar a Deus. Paulo, em 1 Timóteo 5, alerta sobre o consumo moderado de vinho para problemas estomacais, demonstrando que medidas práticas de saúde são necessárias e recomendadas mesmo em uma vida de fé. A fé não exclui a responsabilidade com o próprio bem-estar físico.

 

“Não beba somente água; beba também um pouco de vinho, por causa do seu estômago e das suas frequentes enfermidades.” 1 Timóteo 5.23

 

Paulo sempre manteve uma firme crença na capacidade divina de curar e promover saúde através de intervenções espirituais. Contudo, ele também entendia que isso não dava licença para negligenciar a alimentação ou a saúde pessoal. 

 

Ao aconselhar Timóteo, Paulo destacava a importância de estar atento ao ambiente, sugerindo que problemas locais, como a qualidade da água, poderiam estar afetando adversamente o estômago de Timóteo e causando doenças recorrentes. Este conselho ressalta a necessidade de práticas de cuidado, que não apenas preservam, mas também melhoram a saúde. Paulo enfatiza a responsabilidade pessoal em cuidar do próprio corpo, fazendo o possível dentro de nosso alcance.

 

A Vontade de Deus

Nem todas as adversidades devem ser atribuídas diretamente à vontade de Deus. No caminho para Malta, Paulo oferece um conselho que poderia ter evitado o naufrágio:

 

“Depois de muito tempo, tendo-se tornado a navegação perigosa, e já passado o tempo do Dia do Jejum, Paulo os aconselhou, dizendo:

 

— Senhores, vejo que a viagem vai ser trabalhosa, com dano e muito prejuízo, não só da carga e do navio, mas também da nossa vida.” Atos 27.9-10

 

A Palavra descreve que o centurião não dava crédito ao que Paulo dizia, e assim aconteceu:

 

“Havendo todos estado muito tempo sem comer, Paulo, pondo-se em pé no meio deles, disse:

 

— Senhores, na verdade, era preciso terem-me atendido e não partir de Creta, para evitar este dano e perda. Mas agora aconselho que tenham coragem, porque nenhuma vida se perderá, mas somente o navio.” Atos 27.21-22

 

Enquanto algumas coisas podem estar no plano de Deus, outras são consequências de nossas próprias escolhas e negligências. Isso não significa que Deus não possa transformar o mal em bem; significa, no entanto, que nossas decisões têm consequências.

 

A Nossa Parte

Na história de Jesus ressuscitando Lázaro, Jesus pede que removam a pedra do túmulo, ilustrando que, enquanto confiamos em Deus para milagres, também devemos fazer a nossa parte.

 

“Então Jesus ordenou:

 

— Tirem a pedra.

 

Marta, irmã do falecido, disse a Jesus:

 

— Senhor, já cheira mal, porque está morto há quatro dias.

 

Jesus respondeu:

 

— Eu não disse a você que, se cresse, veria a glória de Deus?” João 11.39-40

 

A responsabilidade individual no cuidado do corpo deve andar junto com a fé. Devemos ser diligentes em cuidar de nós mesmos em todos os aspectos da vida, cuidando de nossa morada aqui na Terra para que possamos assim cumprir todos os propósitos que Deus tem para nós. 

 

Que a sua vida seja completa, não só no plano espiritual mas também no natural.

 

Fonte: Orvalho

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