Quando pensamos em saúde, muitas vezes consideramos apenas os aspectos físicos e médicos. No entanto, a capacidade de respirar e descansar dentro da nossa rotina diária influencia o nosso bem-estar.
A presença ou ausência de margem impacta significativamente a nossa saúde. Restaurar a margem é o primeiro grande passo rumo à saúde integral. O contentamento, assim como a simplicidade, o equilíbrio e o descanso, fornece esse suporte essencial.
DESCONTENTAMENTO SEM FIM
Há meio século, acreditava-se que os avanços em riqueza, tecnologia, educação e entretenimento aumentariam proporcionalmente o contentamento das pessoas. Contudo, vivemos numa era marcada por um “descontentamento sem fim”. O contentamento tornou-se uma virtude esquecida, raramente discutida e muito menos praticada, até mesmo dentro das igrejas.
O contentamento é essencial não apenas como uma boa ideia, mas um dever espiritual. Conforme 1 Timóteo 6:6-8:
‘De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Porque nada trouxemos para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. ‘
Esse padrão de contentamento deveria ser uma prioridade em nossas vidas.
O apóstolo Paulo escreveu: “Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação” (Filipenses 4:12). As coisas que esperamos que nos tragam contentamento frequentemente falham em cumprir essa promessa. A maioria de nós não sabe como desvendar esse segredo e, muitas vezes, nem tenta. Em vez de buscar contentamento, buscamos mais bens materiais, mais status, mais reconhecimento.
Contentamento não é negar nossos sentimentos de infelicidade, mas a liberdade de não sermos controlados por eles. Não é fingir que tudo está bem, mas ter a paz de saber que Deus está no controle e trabalha para o nosso bem (Romanos 8:28). Contentamento não é uma sensação de bem-estar baseada em circunstâncias favoráveis, mas uma satisfação que não depende das circunstâncias.
DESCONTENTAMENTO x CONTENTAMENTO
A busca incessante por mais é uma armadilha que nos afasta do verdadeiro contentamento. O descontentamento pode sufocar a liberdade, envenenar relacionamentos e resultar em ingratidão. Ele nos deixa sem paz, alegria e testemunho. Em contraste, o contentamento traz liberdade, descanso e paz.
O contentamento serve de âncora para relacionamentos saudáveis.
Nos relacionamos melhor com Deus quando estamos satisfeitos com o que Ele nos dá. Podemos dizer palavras de adoração, mas se nosso coração não esta descansado no contentamento de Sua presença, Ele não se deixa enganar. “A posição cristã desde o começo”, afirma o historiador Herber Schlossberg, “tem sido de que as pessoas se satisfazem por se reconciliarem com Deus, não por adquirirem riquezas”.
Nós nos relacionamos melhor conosco quando estamos contentes com nossas circunstâncias. Se tivéssemos permissão para redesenhar nosso corpo, personalidade ou posição na vida, a maioria de nós agarraria a chance: mais inteligente, mais engraçado, mais rico, mais bonito, mais alto, mais magro, mais atlético. No entanto, nada disso seria um problema se não nos comparássemos tanto com os outros. Se estivéssemos sozinhos com Deus (o que, em relação ao contentamento, estamos), teríamos um conjunto diferente de valores do que a sociedade oferece.
Nós nos relacionamos melhor com os outros quando o relacionamento é estabilizado pelo contentamento. Se todo encontro com meu vizinho me lembrar de algo que desejo, esse relacionamento torna-se tênue. A inveja torna difícil ter amigos – todas as pessoas que conheço têm algo que não tenho.
Nosso relacionamento com o dinheiro é outra área onde o contentamento é crucial. Ricos ou pobres, o dinheiro pode nos enganar, prometendo satisfação que nunca é alcançada. O dinheiro pode suprir necessidades imediatas, mas não satisfaz necessidades profundas como amor, verdade, relacionamento e redenção. Paulo nos adverte sobre os perigos do desejo pelas riquezas:
‘Mas os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos insensatos e nocivos, que levam as pessoas a se afundar na ruína e na perdição. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e atormentaram a si mesmos com muitas dores. ‘
1Timóteo 6:9-10
O verdadeiro contentamento não é uma resposta aos avanços materiais, mas uma virtude espiritual enraizada na confiança em Deus. A busca por contentamento nos desafia a reavaliar nossas prioridades e a encontrar satisfação nas bênçãos que já possuímos. Que possamos, como Paulo, aprender o segredo de viver contentes em qualquer circunstância.
Fonte: Orvalho